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domingo, 13 de julho de 2014

mergulhando em naufrágios de aviões - Agnes Milowka

airplane wrecksMergulhar em naufrágios de aviões é uma experiência bizarra e estranha – aviação pertence ao ar, não a água! Ainda assim, as coisas não correm sempre de acordo com o plano, aviões caem sim e às vezes eles acabam no fundo do oceano. Eu tive o prazer de mergulhar em dois grupos de escombros de aviões afundados na Austrália, o Fairey Firefly em Nova Gales do Sul e o Vultee Vengeance em Vitória.


O Fairey Firefly VX381 era um transportador de torpedos antissubmarinos envolvido numa colisão aérea, já o Vultee Vengeance era um bombardeiro mergulhador que caiu devido a uma falha no motor. Os dois sítios de destroços não podiam ser mais diferentes um do outro, mas eles têm uma coisa em comum: os dois são pequenos sítios de mergulho que são notavelmente difíceis de localizar.  Se as marcas não estão no local, achar algo a meros doze por quatorze metros pelo fundo oceano é parecido com a busca proverbial pela agulha no tal do palheiro.

A primeira vez que tem mergulhar no Fairey Firefly nós passamos horas no barco e no Sol escaldante buscando pelo acidente. Nossas marcas não eram muito precisas, mas me levou tempo para descobrir que não estávamos nem perto de onde o avião caiu. Dirigi lentamente de cima a baixo, e por toda a área, esperando que eventualmente os restos da aeronave caída fossem surgir na sonda de profundidade, mas só achei areia. Bastou para dizer que eu não era uma saltadora popular aquele dia, depois de arrastar as tropas numa missão aleatória para achar e mergulhar nesse acidente aéreo e falhando tão espetacularmente.

Alguns anos depois eu estava de volta à Baía Jervis, NGS, e encontrar e mergulhar no avião Firefly estava novamente na agenda – eu queria muito ver aquele avião! Desta vez eu tinha marcas de GPS um pouco mais certas e eventualmente achei, apesar do baixo relevo. Cara, eu estava tão excitada e orgulhosa de mim mesma quando vi aquele pequeno salto na sonda! Eu fui a primeira a entrar na água e lembro-me de descer alguns poucos metros e quase imediatamente ver todo o avião em toda a sua glória. Os naufrágios descansam em 13m de água e relativamente à área da Baía Jervis estava decente naquele dia, então chegar lá foi uma experiência memorável.

O acidente é pequeno com seus treze por doze metros, mas como um sítio de mergulho foi espetacular. Havia uma quantidade incrível de vida marinha nos destroços; era absolutamente compatível com os peixes. Acho que não tem muito mais que isso em termos de estrutura na vizinhança do sítio, então todos os animais se congregaram por ali. Parecia até o maternal; por ali havia centenas de tubarões port Jacksons, polvos, peixes-gato e até cabeças-chatas; todos filhotes! Um pequeno sítio com seus pequenos animais – era muito fofo!

O avião em si está em boas condições, considerando que ele caiu em 1956. Está com o nariz para cima e largamente intacto, com a hélice de quatro lâminas sendo sua maior exibição. O Firefly é um sítio único nas águas australianas. O Firefly tem uma história fascinante, tratando-se de queda; foi construído para encontrar a necessidade urgente do almirantado britânico de um lutador de bordo moderno. Sua produção foi de 1941 e 1623 foram construídos antes da produção ser cancelada em 1956. A Marinha Real Australiana recebeu cento e sete deles. A aviação viu ação tanto na Segunda Grande Guerra quanto na da Coréia e era um pequeno avião versátil, mas predominantemente usado como um carregador de reconhecimento.

Então como acabou no fundo do Oceano? O Fairey Firefly VX381 colidiu com o Firefly WD887 em 27 de Novembro de 1956 durante uma missão de treino. Os dois aviões estavam voando em círculos em direções opostas quando tiveram uma colisão no meio do ar. Felizmente a tripulação do VX381 sobreviveu ao acidente, apesar de ter perdido um terço de suas asas. Já a tripulação do Firefly WD887, o Sub Tenente Arundel e o Aspirante de Marinha Fogarty, não teve a mesma sorte e o avião e seus corpos nunca foram encontrados. Quando mergulhando aviões naufragados vale a pena lembrar que aviões não pertencem à água e nesse caso uma grande tragédia foi responsável por tê-lo afundado.

Mais abaixo pela costa australiana, ao largo da costa de Williamstown em Vitória os restos de outro pequeno avião são válidos de mencionar. O Vultee Vengeance caiu no mar em 6 de Março de 1946 depois de passar por uma falha de motor durante as práticas de tiro. Por todas as contas o Vultee fez um pouso de barriga perfeito até bater em algumas rochas. Com sorte ninguém se feriu gravemente, ainda que o piloto, Subtenente F. O. Knudson tenha sido enviado ao hospital com ferimentos leves na cabeça.

Os restos mortais do Vultee Vengeance descansam em dez metros (trinta e três pés) de água, mas em comparação ao Firefly é difícil tirar cara ou coroa sobre o sítio está pesadamente machucado. Além disso, a visibilidade na área é, muitas vezes, inferior a média, com algo entre dois pés e cinco metros. Não é de se perguntar por que levou mais de três anos para o pessoal do MAAV (Associação de Arqueologia Marinha de Vitória) identificar o avião e contar sua história.

Foi jogo duro achar os destroços do avião já que só tínhamos marcas visuais para isso, então tiveram de alinhar marcos em terra para identificar a localização, em vez de mergulhar num ponto de GPS. É conhecido que a área é bem plana embaixo d’água e ainda que o alívio não seja muito, o salto é claro na sonda de profundidade. Foi definitivamente mais fácil que a missão para encontrar o Firefly e logo estávamos no topo disso e na água.

Debaixo da água é um sítio muito legal apesar de que as esponjas e vermes-ventiladores* obscureciam os detalhes da aeronave. O verme-ventilador europeu Sabella spallanzanii é um pouco malvado, é uma espécie introduzida e cobria cada centímetro dos restos. Tenho que admitir que mergulhar neste sítio foi interessante e levemente inovador, mas nada comparável ao espetacular e impressionante Fairey Firefly na Baía Jervis, então se você só puder escolher um acidente aéreo-marinho australiano para mergulhar, vá direto para este.


Agnes Milowka 22/02/2011

*N.T.: Aproximação do tradutor

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