já não canso ou descanso
me entrego de corpo e alma
à magia da palavra alva
em vão gastei nas penas de ganso
é isso que nos faz escritores
não queremos glória em meio às dores
a inspiração nos trata como à flores
e a mácula divina da poesia nos tira de amores
dos vinte aos setenta anos
o brilho lírico aos olhos dança
como acender de fósforo, formação de trança
no papel, barreira à quem amamos
é isso que nos faz poetas
não queremos placas ou setas
sem inferno ou paraíso, apenas a festa
com livros, canções e a marca na testa
bebendo vida em linha
transcrevemos o que sentimos
cruzando com o lápis infinitos
batizando compromissos com ocupações de mentirinha
é isso que nos faz menestréis
cômodos desaparecidos em tufões de papéis
nada de igreja, é na palavra nossas fés
e só o choro de júbilo mancha os pés
é isso que nos faz estar vivos
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